A carreira do cantor e compositor Guilherme Isnard é, no mínimo, curiosa.
Já foi de estilista a arquiteto e decorador, de cantor pop a gerente de restaurante e nigth club,
de cronista de costumes a redator de tele-sexo, do rock’n’roll ao teleco-teco e, agora é também romancista.
Parece o samba do crioulo doido, mas existe uma coerência.
A trajetória profissional desse carioca autodidata principia nos anos 70,
quando seu talento e criatividade como fashion designer o trouxeram a São Paulo
para desenhar as coleções de algumas das maiores marcas nacionais (Zoomp e Ellus entre outras).
Ainda envolvido com o mundo da moda, teve a oportunidade de mostrar seus dotes como
arquiteto e decorador, tendo seu primeiro projeto para a loja da ICE incensado em
edição comemorativa do design Brasileiro da revista Casa Vogue.
Nos início dos anos 80, Isnard encontrou finalmente seu verdadeiro eu!
A banda ZERØ surge em 1983, quando o designer e vocalista Guilherme Isnard (ex-Voluntários da Pátria)
une-se aos arquitetos Beto Birger (baixo), Claudio Souza (bateria), Gilles Eduar (sax),
Fabio Golfetti e Nelson Coelho (guitarras). Essa formação dura dois anos e rende, além de uma participação na coletânea
"Os Intocáveis" da Deck Discos e no LP "Remota Batucada" de May East (na gravação de “Caim e Abel”),
a gravação do compacto “Heróis - 100% Paixão” de 1984 pela extinta CBS (atual Sony Music),
Em 1985 Guilherme reestrutura a banda com Eduardo Amarante (ex-Agentss e Azul 29) na guitarra,
Ricky Villas-Boas (ex-Joe Euthanázia) no baixo, Freddy Haiat (ex-Degradée) nos teclados e Athos Costa
(ex-Tan-Tan Club) na bateria. Em 1986 lançam pela EMI/Odeon o LP "Passos no Escuro", que estoura as músicas
“Agora eu Sei" e "Formosa" nas rádios de todo o Brasil conferindo ao grupo um Disco de Ouro
por mais de 200 mil cópias vendidas.
1987 é o ano de "Carne Humana" com os hits "Quimeras" e "A Luta e o Prazer" e mudança na formação:
sai Athos e entra Malcolm Oakley (ex-Azul 29 e Voga) na bateria. Essa boa fase culmina na abertura dos shows da cantora Tina Turner no estádio do Pacaembu/SP e no Maracanã/RJ, para um público de mais de 300 mil pessoas.
Mas em 1989 surpreendentemente e sem brigas, o ZERØ encerra as atividades com shows no Dama Xoc/SP e no Circo Voador/RJ
que foi gravado ao vivo para o especial de TV “Manchete Shopping Show” da rede Manchete.
O grupo ainda faz algumas apresentações para se despedir dos fãs excursionando pelo interior do país até 1992.
Paralelamente Guilherme Isnard monta a cover big band “Roxy Nights” em homenagem a Brian Ferry e Roxy Music,
encarna um crooner inspirado em Sinatra, Bing Crosby e Nat King Cole para cantar standards da música
americana dos anos ‘50s e ‘60s e expande seus limites dividindo o palco do SESC Pompéia/SP com Miltinho,
o mestre do samba sincopado.
Em 1992 volta a morar no Rio de Janeiro e após o show solo “Rio 360°” no terraço da torre do Rio Sul,
se afasta das atividades artísticas até 1996, quando retorna no espetáculo “Cassino Tropical” em homenagem ao sambista e compositor Luís Antonio. Em 1997 faz diversas apresentações do seu trabalho solo no People,
Mistura Fina e Hipódromo Up (RJ). De 1998 a 99 interpreta o flautista e compositor Joaquim Antônio Callado
(inventor do chorinho) no mega musical "O Abre Alas", sobre a vida da pianista e compositora Chiquinha Gonzaga,
sucesso nos teatros de todo Brasil.
Em 1999, comemorando seus 15 anos, o ZERØ faz algumas apresentações no Rio e em São Paulo.
Para esse show Guilherme reúne a formação clássica, com Eduardo, Ricky e Freddy.
Essas apresentações marcam o retorno definitivo da banda à estrada.
Com tanta movimentação e receptividade do público, o ZERØ grava em 2000 o CD "Electro Acústico", que revisita os sucessos da banda acrescido de quatro músicas inéditas. Essa gravação além dos membros da formação clássica, conta com os novatos Sérgio Naciffe – bateria e JP Mendonça – produção e teclados. Esse CD independente, sem videoclip, marketing ou divulgação,
esgota 10.000 cópias só no boca-a-boca dos fãs. Esse sucesso estimula a EMI a lançar em 2003 o CD “ZERØ Obra Completa”
(também esgotado) com os dois primeiros LPs compilados e remasterizados.
Paralelamente Renato Donisete, com a ajuda de Fábio Golfetti, edita a raridade “Dias Melhores”
pela Voice Print, com os primeiras demos da banda, participações e o primeiro compacto.
Em 2004 e 2005 Guilherme Isnard participa de vários shows e eventos de revival ‘80s ao lado dos colegas
Leo Jaime, Ritchie, Leoni, Kid Vinil e Paulo Ricardo entre outros.
A atual formação do ZERØ, que tem Yan França na guitarra, Jorge Pescara no baixo e Vitor Vidaut na bateria,
está em turnê por todo o país e acaba de gravar o CD “Quinto Elemento” produzido por Nilo Romero,
o primeiro só de inéditas lançado em 2006.
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